quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O Ursinho, Não


Um dia depois que a menina completou 10 anos, a mãe desconfiou de alguma coisa e resolveu levá-la ao médico. Abraçada ao urso de pelúcia que tinha ganho de aniversário — um ursinho barato; a mãe, faxineira, não tinha dinheiro para presentes sofisticados — a garota se recusava a ir. Finalmente, e depois de levar uns trancos, concordou.
Com uma condição:— O ursinho tem de ir comigo. Ele é o meu filho querido. Foram ao posto de saúde. O médico não teve a menor dificuldade em fazer o diagnóstico: a garota estava com três meses de gravidez. A mãe ouviu a notícia em silêncio. No fundo, não esperava outra coisa. Essa havia sido também a sua história e a história de suas irmãs e de muitas outras mulheres pobres. Limitou-se a pegar a garota pela mão e levou-a para fora.
Sentaram num banco da praça, em frente ao posto de saúde, e ali ficaram algum tempo, a mulher quieta, a menina embalando o ursinho de pelúcia e cantando baixinho. Finalmente, a inevitável pergunta:— Quem foi? A garota disse um nome qualquer. Provavelmente era um dos muitos garotos da vila onde moravam. Chance de assumir a paternidade? Nenhuma. Tudo com ela, a mãe. E foi o que disse à menina:— Você vai ter esse filho, e eu vou criar ele como se fosse seu irmãozinho. Você entendeu? A garota fez que sim, com a cabeça. — E você vai ajudar? Nova afirmativa. E aí ela fitou a mãe, os olhos cheios de lágrimas:
— Mas o ursinho eu não dou pra ele, mãe. O ursinho é só meu. É o meu filhinho, ninguém me tira.
— Está bem, disse a mãe. O ursinho é só seu. Levantaram-se, foram para casa, a menina sempre abraçada ao ursinho. Que exibia o eterno e fixo sorriso dos bichos de pelúcia.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A Pedra no Meio do Caminho

Com certeza todos nós um dia encontramos a nossa "pedra". Drummond imortalizou "A Pedra no Meio do Caminho".

Museu da Língua

Para quem não tem a oportunidade de ir ao estado de São Paulo, aí está uma boa oportunidade de conhecer um lugar muito interessante, o Museu da Língua. Assistam, as imagem falam mais que palavras. Boa viajem!

A Línguas e suas variações


Estas imagens revelam variações pertinentes á Língua Portuguesa. Ele foi gravado na Feira de São Joaquim em Salvador - Bahia, por uma equipe de Professores - estudantes da Língua Portuguesa. Nele vocês podem encontrar além das amostras de variedades linguísticas, contribuições da profª Drª Norma Lopes da Universidade Estadual da Bahia - UNEB. Este vídeo foi criado com a orientação da Profª Ana Paula Guedes da UFBA - Universidade Federal da Bahia.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O BRINCO




Caminhando pela praia eu vinha
Pela praia, eu vinha caminhando,
Senti, que na minha direção
Vinhas caminhando uma imagem
Um vulto, que me parecia de longe
Ser de uma criança.

Ao nos aproximarmos
Senti-me tremula,
Meu coração disparava mais rapidamente
Desesperei-me
Não consegui ver teu rosto
Mais algo nos aproximávamos um do outro.

Reparei que em tuas mãos
Havia algo que chamaste atenção
Mas não conseguia ver.
Logo, estendeu-me teu braço
Dando-me um par de brincos.

Brincos, que deixam meus olhos
Umedecidos.
Brincos, que a todo e qualquer instante
Fazem rolar lagrimas no meu rosto.

Há brinco,
Brinco que dói
a dor de uma separação.
Brinco que me deixa
em desespero
E me acalma, quando me fala
que um dia encontrarei o
Pedaço de mim que arrancaram.
Oh! Brinco
Não vivo sem você.

E o vulto
que me entregaste o brinco
sumira e me deixaste para trás.
Revelando-me que foi ele
Que eu perdera há onze anos atrás.
E foi naquela praia deserta
Que a própria, entregaste meu Brinco.

Oh! Brinco.
Oh! Brinco.

PECADOS DA LÍNGUA

Dez erros que comprometem a vida social e as pretensões profissionais de qualquer um:

1 - Houveram problemas.
"Houve" problemas. Haver, no sentido de existir, é sempre impessoal.
2 - Se ele dispor de tempo.
É erro grave conjugar de forma irregular os verbos derivados de ter, vir e por. Neste caso, o certo é "dispuser".
3 - Espero que ele seje feliz / Vieram menas pessoas
Dois erros inadmissíveis. A conjugação "seje" não existe. E "menos" não concorda com o substantivo, pois é advérbio e não adjetivo.
4 - Ela ficou meia nervosa.
"Meio" nervosa. Os advérbios não tem concordância de gênero.
5 - Segue anexo duas cópias do contrato.
Atenção para a concordância verbal e nominal: "seguem anexas".
6 - Esse assunto é entre eu e ela.
Depois de preposição, pronome oblíquo tônico: entre "mim" e ela.
7 - A professora deu um trabalho para mim fazer.
Antes do verbo, usa-se o pronome pessoal, e não o oblíquo: para "eu" fazer.
8 - Fazem dois meses que ele não aparece.
O verbo fazer indicando tempo é impessoal: "faz" dois meses.
9 - Vou estar providenciando o seu pagamento.
O chamado gerundismo não chega a ser erro gramatical, mas é um vício insuportável. "Vou providenciar" é mais elegante.
10 - O problema vai ser resolvido a nível de empresa.
A febre do "a nível de" parece ter passado, mas ainda há quem utilize essa expressão pavorosa. Na frase em questão, "na" ou "pela" são mais exatos e elegantes.
Fonte: Revista VEJA. Ed. 2 025 - Ano 40 - Nº 36. Editora Abril. 12 de set. 2007

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

IMORTAIS



Cecília Meireles Poetisa brasileira, nasceu no Rio de Janeiro em 7 de janeiro de 1901. Em 1910, concluiu o curso primário e, sete anos depois diplomou-se professora primária e passou a desenvolver intensa atividade como educadora. Estudou também línguas, canto, violino. Aos dezoitos anos lançou o livro de poemas Espectros, pelo qual recebeu elogios da crítica especializada. Em 1934 organizou a primeira biblioteca infantil do país. Em 1935 foi nomeada professora de Literatura Luso-brasileira e, depois, de Técnica e Crítica Literária na Universidade do então Distrito Federal. Cecília Meireles faleceu no dia 9 de novembro de 1964, em pleno apogeu de sua atividade literária. Recebeu, post mortem, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. De fina espiritualidade, sua poesia, sem deixar de ser moderna, mergulha raízes nas essências do simbolismo, caracterizando-se, no plano formal, pela riqueza de recursos estilísticos. Obras principais: Viagem (1938); Vaga música (1942); Mar absoluto (1945); Romanceiro da Inconfidência (1953); Solombra (1964).